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Rodrigo Bastos lança livro “Clown Terapêutico”

O psicólogo, palhaço, mestre em Ciencias Socias pela UFJF, Rodrigo Bastos, lança nesse sábado (23), o livro “Clown Terapêutico”, no Espaço Excalibur em Juiz de Fora. O juiz-forano traz no livro uma reflexão sobre o reencontro com a criança interior que há em cada um e a busca pelas soluções de problemas interiores, a partir da terapia gestáltica em conjunto com a sabedoria das tradições circenses na formação do palhaço. É de maneira leve que ele busca despertar nas pessoas que as resoluções estão muitas das vezes dentro da própria delas.



Rodrigo Bastos, a psicologia e o Clown Terapêutico


Foto Cristane Turnes

A entrevista ocorreu em seu consultório, ele me recebeu com um sorriso e um abraço. Usando camisa listrada, calça e chinelos. Mais tarde comentaria sobre a escolha dos calçados: “É assim que atendo meus pacientes. Se estiver confortável, vou atendê-los melhor”.


Fui convidada a entrar na pequena sala em que imaginei ser seu consultório. Imaginei, porque em nada o local parecia com um. Logo no canto da entrada era possível ver um par de grandes sapatos de palhaço. Do outro lado uma estante com livros e na pequena mesa abaixo um bule de café, xicaras e coador. Mais afrente duas cadeiras onde nos sentamos, no canto do outro lado da sala um violão.O lugar era realmente aconchegante e convidativo assim como seu anfitrião.


Foto Cristiane Turnes

Com jeito gentil, simpático e voz de radialista Rodrigo Bastos, psicólogo por formação, quando perguntado sobre a escolha da profissão foi direto “Sempre fui um cuidador. A pergunta ‘Está tudo bem com você?’ sempre me motivou. E quando eu descobri que havia uma profissão que fazia essa pergunta, sabia que é isso que deveria fazer.”

Porém como a arte do palhaço havia entrado nessa história? “Um e-mail, desses spam, um e-mail indesejado, convidando para um curso de palhaço”. A princípio aquilo lhe pareceu estranho e até de certo forma ofensivo. “Me senti um pouco ofendido. Como assim? Um psicólogo recebendo um e-mail para participar de uma oficina de palhaço?” Mas aquele e-mail, acabou se tornando um incomodo e da tentativa de o ignorar o psicólogo acabou por arrumar uma desculpa e se render àquele chamado. “Vou fazer, para aprender a fazer gracinha, para minha filha.”

Aqui ocorre o divisor de águas para Rodrigo, ou melhor, o seu reencontro com a arte. Ele já teve três bandas. E admite que estava sentindo falta de algo no dia a dia de seu trabalho. Como se precisasse de um novo olhar sobre a sua profissão e o próprio método a qual ela parece por vezes estar presa, mesmo se tratando de uma área tão humana e que deveria em sua opinião ser mais questionadora de se própria, que de seus pacientes. “A psicologia veio parar nessa técnica. As pessoas, o consultório. E você moldando toda a conversa e o tratamento a partir de uma técnica. E começo a me perguntar cadê a arte, cadê os sentimentos, cadê o cuidar nisso tudo?”.


Então feita a oficina para qual foi convidado Rodrigo munido desse novo aprendizado, sobre a arte do palhaço, que mudou sua maneira de ver a própria formação e construção dessa figura circense, Rodrigo sente que deveria aplicar aquilo que aprendeu na sua profissão. Mas aplicar para crianças como a maioria das terapias trabalhadas não lhe parecia preencher todas as questões levantadas durante o curso. Então resolveu usá-la para adultos. Aí inicia sua jornada pela Clown Terapia, a utilização da arte do palhaço na terapia. Apesar de pouco estudada no Brasil, esse tipo de terapia está presente em faculdades no exterior e com base nisso Rodrigo iniciou seus estudos na área. Que mais tarde se tornaria um livro, “O Clown Terapêutico”.



A arte, do palhaço, ou de cair e saber levantar


O universo que Rodrigo descobriu na oficina mudou muito de sua visão. Em especial sua maneira de entender esse símbolo do circo. Ele admite que foi bastante surpreendido. “Descobri que a última coisa que o palhaço aprende é fazer gracinha. Primeiro você tem que aprender a vencer o seu medo do ridículo e de ser ridicularizado”.


Rodrigo comenta que a maioria das pessoas tem uma percepção equivocada de que o palhaço é simplesmente brincalhão. Quando na verdade ele é um ator e seu espírito está em emocionar as pessoas, o riso é a catarse final que aquela figura busca tirar de sua plateia. “O palhaço cai e você acha engraçado, aí ele cai de novo e você começa até a ter pena dele. Porque ele é aquela figura que sempre se dá mal. Mas então ele se levanta e brinca com esse se dar mal e o público aplaude. Isso é o ser humano, que aprende a lidar com as adversidades da vida e a superá-las”.



Mais sobre a Clown Terapia


O psicólogo sempre gostou de buscar técnicas mais alternativas para o tratamento de seus pacientes. A começar pela vertente que segue que é a Gestalt-terapia, que buscar conhecer o paciente e ajudá-lo a reencontrar consigo mesmo. “Muitos dos problemas psicológicos estão ligados as repressões sofridas pelas pessoas ao longo da vida, que se modifica conforme a sociedade de certa forma lhe impõe. A ideia é quebrar essas barreiras e fazer a pessoa se redescobrir. Ser quem ela realmente sempre foi”.


Nessa linha Rodrigo encontrou o cruzamento perfeito entre o lúdico e a psicologia com a inserção das práticas de formação do palhaço na terapia. “O nariz de palhaço é a menor máscara do mundo. E com apenas esse objeto que cobre tão pouco nosso rosto, já nos vemos mais libertos para brincar e nos desconstruir”. Para ele a chave está em nos desprendermos das amarras e sermos o que somos sem medo. “Pode haver quem ache estranho ou errado. Mas qual é o problema de eu atender de chinelos, fico mais confortável assim, me sinto melhor assim. E se estou bem, muito melhor irei fazer meu trabalho.”

Foto Cristiane Turnes

Conheça mais sobre o trabalho de Rodrigo Bastos na página do Facebook do seu projeto "A Arte de ser Grande"


Rodrigo também ministra oficinas de palhaço e grupos de estudo sobre a Clown Terapia


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